
A Pequena Acordeonista
8 de setembro de 2025
Meu Deus! E o meu nome na agenda?
24 de setembro de 2025Hoje quero homenagear à minha grande amiga Marli que já não está conosco há oito anos.
Conheci a Marli por intermédio de uma outra amiga no final dos anos 70 e logo de cara me encantei com o seu jeito. Sorridente, inteligente, irreverente e muitas vezes sem trava na língua
Ela era apenas dois anos mais velha do que eu, mas, enquanto eu, vivendo em Sorocaba, agia e pensava como uma típica interiorana, cheia de medos e preocupações com o que os outros iriam pensar, a Marli morava sozinha em um kitnet no centro de São Paulo e trabalhava em um banco na Praça Patriarca. Ela era livre, pensava e agia como bem queria.
Numa época em que as mulheres da nossa idade estavam preocupadas em encontrar um bom partido para casar e ter filhos, a Marli queria curtir a vida e, como curtiu ! Foi sozinha mochileira na Europa e nos Estados Unidos. E isso sem álcool, sem fumo e sem drogas.
Em um tempo em que não se falava em racismo estrutural ou homofobia, a Marli tinha amigos e amigas de todos os matizes e frequentava todos os espaços, desde o Teatro Municipal até os barzinhos da Rua Santo Antônio e as boates da Rua Amaral Gurgel.
Ela estava sempre pronta para ajudar quem lhe pedisse ajuda, eu a via constantemente envolvida com problemas dos empregados do prédio onde morava, dos funcionários da padaria em frente, dos colegas de trabalho e de amigos e amigas próximos e distantes.
A Marli, quando se apaixonava, vivia intensamente aquele amor, mas, se não fosse correspondida, como uma boa geminiana, logo achava uma nova paixão até casar com o amor da sua vida, com quem viveu até morrer.
A nossa amizade foi sempre de extrema lealdade e confidencialidade, mas sempre baseada na liberdade de pensar e agir, dando apoio incondicional, sem nunca exigir nada em troca.
Não me esqueço da minha amiga Marli. Sou muito grata por tê-la conhecido nesta vida e espero encontrá-la nas próximas.
Marli, eu te amo, minha amiga!

