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Eu, o café e meus pensamentos
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Em julho/1980, no auge dos meus 24 anos, com diploma da Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativa de Sorocaba, tudo o que eu não imaginava para a minha carreira profissional era a de ser Contador.
À primeira vista, parece contradição para alguém formado em Ciências Contábeis não querer exercer a profissão de Contador, mas para mim não era, pois, tinha como exemplo a figura do contador da empresa que eu trabalhava e não via para mim um futuro promissor.
Por este motivo optei pela carreira de Auditor. Para isso, a primeira atitude que eu tinha que tomar era mudar de Sorocaba para São Paulo. E é aí que começa a minha experiência.
Seguindo meu planejamento, consegui uma colocação numa empresa de Auditoria, em São Paulo, em plena Avenida Paulista como “Auditor Trainee” que nada mais é que um profissional em formação para atuar na área de auditoria, sempre acompanhado por um auditor mais experiente, desenvolvendo atividades auxiliares. Nessa função o salário era o mais baixo da categoria.
Comecei a trabalhar, e, no início, viajava todo dia entre Sorocaba e São Paulo.
Foi numa dessas viagens que encontrei meu querido e saudoso amigo Marcos Sbrana que também era de Sorocaba e trabalhava em São Paulo, com uma diferença, ele já mantinha alugado uma kitnet. Onde? No icônico Edifício Copan.
Para quem não conhece o Edifício Copan é um marco da arquitetura modernista brasileira projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e um dos principais cartões-postais da cidade de São Paulo, localizado na Avenida Ipiranga, nº 200, próximo à Praça da República.
O Copan é um edifício residencial dividido em 6 blocos, com 1160 apartamentos, divididos da seguinte forma: Bloco A com 64 apartamentos de 2 dormitórios; os blocos C e D com 128 apartamentos de 3 dormitórios; e os blocos B, E e F têm 968 apartamentos tipo kitchenettes e apartamentos de 1 dormitório. No edifício todo residem em torno de 5000 pessoas.
No térreo, o Edifício dispõe de uma área comercial com 72 lojas e um cinema, atualmente ocupado por uma igreja evangélica.
A unidade alugada pelo meu amigo Marcos era no Bloco B, um dos blocos mais movimentados. Como ele morava sozinho, me ofereceu para dividir a locação com ele. Imediatamente aceitei, pois viajar diariamente entre Sorocaba e São Paulo era muito cansativo e claro, dispendioso, além do que a locação estava dentro do meu orçamento de auditor trainee.
Após convencer meus pais de que essa seria a melhor opção para o momento, me mudei para a kitchenette e aí comecei a sentir o que é morar no Copan.
O fato da nossa “Kit” ter um tamanho muito pequeno, não era impedimento para recebermos nossos amigos, que aos poucos nossa Kit virou ponto de encontro do pessoal para nossas saídas para baladas pelos arredores, tais como Av. Ipiranga, Praça da República, Praça Roosevelt, Viaduto do Chá e demais pontos próximos à nossa Kit.
Teve uma época que decidimos praticar exercícios, e, adotamos uma rotina de três vezes por semana, acordávamos por volta das 5hs da manhã e fazíamos treinos físicos na parte superior da antiga Praça Roosevelt. Essa empreitada não teve muito futuro, pois, era conflitante o horário que chegávamos das baladas com o horário de despertar.
Além das baladas, era comum reunirmos os amigos para festas temáticas na Kit, tais como, festas juninas, fantasias, halloween dentre outras.
Devido a quantidade de pessoas que viviam no Edifício Copan, na maioria das vezes que tomávamos os elevadores, éramos acompanhados por uma variedade de pessoas de todos os tipos e gêneros que lá viviam.
Me lembro que numa dessas ocasiões, em que eu e o Marcos voltávamos de um passeio nos deparamos com o ator Ney Latorraca, que muito gentilmente comprimentou todos no elevador inclusive nós. Foi uma rápida mas agradável experiência, pela simplicidade e simpatia que o ator global demonstrou naquela rápida passagem. Só faltou pegarmos autógrafo dele.
Nesse período eu mantive uma rotina de ir para Sorocaba todo final de semana. Pegava o Cometa na sexta feira a noite e retornava na segunda feira pela manhã, mesmo porque, não tinha como lavar roupa na Kit, então todo final de semana ia para Sorocaba para lavar e trazer roupas limpas para a semana de trabalho.
Nossa parceria na locação perdurou até o momento que o Marcos decidiu morar com sua namorada e se mudar da Kit.
Hoje em dia, quando comento o fato de ter morado no Copan acham incrível e me perguntam como foi a experiência de ter morado num dos prédios mais emblemáticos e conhecidos da Capital de São Paulo.
Por esse motivo fiz questão de registrar aqui no “Memórias que Contam” um pouco dessa experiência que seja acessada e relembrado sempre a experiência de alguém que teve a oportunidade de ter morado no COPAN!!!
Imagens
Por Andre Deak – Flickr: São Paulo – Skyline by night, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=21404837
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Por Pablo Trincado – https://www.flickr.com/photos/pablotrincado/6176604228/, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=142531308