Dr. Américo chegou!

Era tido na cidadezinha pequena da Chapada Diamantina como um excêntrico. Morava sozinho, comia  tangerina e não dispensava a casca rsrsrs. A banana idem. 

Dizem que acordava de madrugada e andava pelado até à beira do rio que passava no fundo da casa dele que também servia de clínica onde atendia a todos e todas as pessoas dali e as que vinham de longe. 

Um casarão cheio de janelas e uma sala na entrada onde era o local de espera e outra com porta para o atendimento aos pacientes com queixas desde dor de barriga, dor de dente que sem nem mais nem menos ele extraía; bicho de pé, dor de garganta, caxumba, sarampo e ninguém saía de lá sem um preparado que ele mesmo fazia no seu laboratório.  

Sempre era chamado pra fazer partos em domicílio,  apesar de que na cidade tinha um hospital de renome, o Grace Memorial Hospital, mas o Dr. Américo era o amigão,  conselheiro, de sorriso largo que não fazia questão de receber pagamento. Se tinha como fazer, tudo certo, se não,  ficava por isso mesmo.

Uma vez ao ano dava um sumiço para descansar mas o destino, ninguém sabia e só tinha especulação… ficava três meses fora, porém…. quando ele retornava, de manhã cedo, só se ouvia a gritaria da meninada correndo:  Dr. AMÉRICO CHEGOU!.. e haja perna pra chegar primeiro e receber as lembranças que carinhosamente trazia sempre que voltava das viagens: escova de dente, creme dental, pente para os meninos e uma bonequinha pequenina para as meninas..Era só felicidade e animação.

Um anjo em forma de gente… um médico pra chamar de seu, destes que não fazem mais. Formado em Medicina no Rio de Janeiro, veio com uma missão de servir a todos sem exceção. Escritor renomado, detalhou em seus livros a saga do coronelismo na região da Chapada: o chefe Horácio de Matos,  Requizado, Revelações sobre a Era Getuliana, além de livros de poesias.

Um ser humano completo desses que aparecem, cumprem sua missão e ficam eternos.

Obrigada, Dr. Américo Chagas.